O que aconteceria se Jair Bolsonaro saísse da Presidência?
O que não está acontecendo por ser Jair Bolsonaro o Presidente da República? É isso que você precisa perguntar se quiser saber “o que aconteceria se o Jair saísse”.
O que aparenta ser uma simples troca de pergunta revela um mundo de realidades, ao invés de um mundo de conjecturas. Em resposta à primeira pergunta, abstrata, você pode responder com todo tipo de exercício mental possível: “o PT voltaria”, “viraríamos a Venezuela”, “seríamos vendidos para a China”, “as fronteiras seriam derrubadas e o Foro de São Paulo se tornaria o governo do continente”… mas diante da segunda pergunta, você é forçado a buscar na realidade, fatos.
O que não está acontecendo por ser Jair Bolsonaro o Presidente da República? Não estamos:
- vivendo sob lockdown?
- com impedimento da liberdade de culto?
- sob abuso de excesso do poder de polícia?
- tendo nosso dinheiro investido em projetos socialistas?
Tudo isso está acontecendo, com Bolsonaro Presidente. Sendo assim, o que deixaria de acontecer se Bolsonaro saísse? Nada. Continuaria tudo igual. O socialismo no poder.
Jair Bolsonaro não conseguiu fazer absolutamente nada desde que se tornou presidente, nada. Sua militância comprou diversas narrativas desde o 1º de janeiro de 2019, todas caíram com o tempo e restam apenas duas: Confia, Jair tem 28 anos de experiência; e Não há um caso de corrupção no Governo Federal.
Veja uma curiosidade que une essas duas narrativas: ambas não se baseiam no que foi feito, mas sim no que não foi feito. Jair Bolsonaro passou 28 anos na Política, e não fez nada. Sendo a política brasileira um mar de lama, o fato de ele não ter feito nada significa que ele não se sujou, é um paradigma na história da política! Bolsonaro está no Palácio do Planalto há dois anos, e até agora temos um total de zero casos de corrupção no Governo Federal.
Com relação ao primeiro [não]feito, eu me recuso a comentar o status quo de nossa política; nos tornarmos admiradores dos que nada fazem porque tudo o que é feito é ruim. Quanto à comemoração da exclusão da corrupção no Governo Federal, protesto eu desde o início com relação ao tempo de sobrevida que foi dado ao ex-ministro do Turismo, que antes de entrar na Esplanada já era acusado de se utilizar de candidaturas laranja, e mesmo assim foi admitido no Governo, só caindo quando o Centrão veio a exigir sua saída. Esse ponto, porém, é de pouca relevância, tanto por já ter se tornado passado como também pela insignificância da pessoa do ex-ministro que ninguém nem se lembra do nome. O que me apoquenta com relação à questão da corrupção no Governo Federal é o Covidão. No início do segundo semestre de 2020, a Advocacia-Geral da União em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, anunciaram uma devassa nas compras superfaturadas de respiradores e na construção dos hospitais de campanha. Vários estados receberam visitas da Polícia Federal e chegamos a ver até mesmo uma fuga repentina do atual governador do Pará, Helder Barbalho, que alegando estar com Coronavírus, anunciou que se afastaria da vida pública por tempo determinado, até se curar do vírus chinês.
O problema que não é enfrentado pelo governo é intrigante, todos os governadores que roubaram, roubaram da União pois o dinheiro liberado emergencialmente na Pandemia foi dinheiro federal, não estadual. Ou seja, foi o Governo Bolsonaro que liberou, durante a gestão Mandetta, verbas a torto e a direito, sem garantias e sem fiscalização. Veja, quando se toma dinheiro do BID, a prestação de contas é rigorosíssima, cada etapa do trabalho é fiscalizada para se confirmar a prestação do serviço correspondente à prestação de contas. E o que o Governo Federal fez durante a pandemia? Tudo o que vemos é que não houve gestão alguma, Brasília mandou o dinheiro e pronto.
A narrativa na Capital Federal hoje é a de que a militância e a base nos municípios (deputados e vereadores), devem voar no pescoço dos governadores e prefeitos, devem cobrar a prestação de contas. Ora, cobrar a prestação de contas agora que os hospitais já foram construídos e desconstruídos? Analisar as Notas Fiscais de compra de respiradores que nem existem mais? O único ganho que se pode ter agora é o ganho político, descobrir quem roubou, jogar nas redes sociais e fazer com que nunca mais sejam eleitos. E o ganho de justiça? Haverá algum? Definitivamente, não.
Não haverá punição para o Adélio, para os executores do policial Adriano da Nóbrega ou da Marielle Franco, ninguém será preso pela fraude nas urnas em 2018 – que o Presidente jura ter provas em mãos –, nada acontecerá aos responsáveis pela fraude transmitida ao vivo quando da eleição para Presidente do Senado em 2019, enfim… a Polícia Federal e o Ministério da Justiça do Governo Bolsonaro poderiam sem prejuízo algum ao país, trabalhar até 31 de dezembro de 2022 por teletrabalho, de máscara e usando álcool-gel. Nada acontece na pasta da Justiça nesse governo, tudo é política. Todas as acusações que o Presidente da República faz contra Doria, Mandetta e Moro são unicamente no campo político. Jair trabalha somente para que Mandetta não lhe roube votos em 2022, Moro não seja Presidente e o Doria não se reeleja em São Paulo ou venha para a Capital Federal.
Não me assustará se em todo esse marasmo, o Covidão que hoje está enterrado em algum dos corredores subterrâneos da Capital, voltar da noite para o dia sendo dirigido pelo MPF contra o próprio Governo Federal, e o Ministério da Justiça for extinto e, em seu lugar, for erguido o Ministério de Estratégia Política.