A bandeira branca dos vencedores

Em tempos de guerra, exércitos se armam e se lançam ao campo de batalha munidos de coragem, amor à pátria e, armas em mão, colocam a própria vida à disposição da Providência.

Se diante da derrota certa… vão-se os anéis mas ficam os dedos. Vale mais a vida como cativo em terra estrangeira que a morte. Assim, baixa-se o fuzil e levanta-se a bandeira branca.

Nunca vi porém menção de um exército vencedor levantar a bandeira branca e se render ao inimigo vencido. Estou vendo agora, no Brasil.

Alguns eleitores do projeto vencedor nas urnas de 2018 estão pregando “político tem que ser cobrado”, “se você apoia o Estado você não é cidadão, é gado”, “político tem mais é que te obedecer pois você que paga o salário dele”. Parece fazer sentido. Só parece.

Faço aqui um triste esclarecimento a você: todas as pessoas que estão anunciando essas pérolas de isentismo não são mais que “conservasocialistas”, a nova subespécie do eleitor sapiens tupinambá.

O Brasil passou por oito anos de social-democracia com FHC, em seguida foram oito anos de comunismo com Lula e quem sobreviveu a isso encarou seis anos de dilmismo, coroados com dois anos de um clássico presidencialismo de coalizão com Temer. Depois dessas mais de duas décadas perdidas, finalmente o brasileiro conseguiu eleger uma aliança liberal-conservadora. E agora os conservasocialistas vem me falar em bandeira branca?

Algum sobrevivente destas bandas viu temperança por parte do eleitor social-democrata quando FHC comprou o Congresso para aprovar a reeleição? Ou então testemunhou isentismo quando Lula tomou de assalto o BNDES e mandou o dinheiro do contribuinte – incluindo o de seus eleitores – para países amigos (e falidos)? Seus olhos vislumbraram ao menos relances de sensatez quando Dilma convocou militância para entrar no Palácio do Planalto e anunciar guerra civil caso a presidentA sofresse impeachment?

E agora vem me falar em temperança! Justamente quando um governo honesto quer nos aliar aos Estados Unidos? Falar em “governo não tem que ser apoiado, e sim cobrado” justamente quando o governo que está há seis meses no poder já começa a abertura da caixa-preta dos bancos públicos?

Equiparar um governo corrupto a um governo que combate a corrupção é ato nefasto, digno de pessoas cuja moral e ética foram destroçadas por décadas de manipulação.

Repito: isenção agora é conservasocialismo, não sensatez.

Se você é isento, imparcial ou moderado na defesa da justiça você é inimigo de si mesmo, como disse o Mestre: “[…]quem não é por nós, é contra nós” (Mc 9).

O papel do cidadão que ama seu país não é ser inimigo do Poder mas sim inimigo da má-gestão, ao mesmo tempo é seu dever ser amigo da boa gestão.

Não se furte em apoiar um bom governo. Não perca a oportunidade de fazer parte do exército vencedor. E jamais, jamais levante a bandeira branca diante do inimigo derrotado.

Você venceu. Agora é hora de colher os frutos de sua vitória, coletar os despojos da guerra, limpar o campo de batalha e voltar para casa e dar a seus filhos o tesouro pelo qual você bravamente lutou: sua pátria. Brasil!

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