A Eternidade do Instante II
Le Bassin aux baignuses – Hubert Robert (1777 – 1780).
Aquele pássaro nunca mais cantará
a canção que canta agora;
Essa nuvem nunca mais formará
o desenho que forma agora;
Esse sol fúlgido nunca mais brilhará
sobre o ar como agora;
A grama nunca mais refrescará
meus pés como agora;
A água prata nunca mais passará
nos dedos como agora;
E o vento nunca mais soprará
nos cabelos como agora:
O homem nunca se banhará
duas vezes no mesmo rio.
Pois tudo se transforma,
cada instante é singular.
Pois um mundo se forma,
em cada puxada de ar.
Por isso, é preciso viver
cada afago vindo do sol.
Por isso, precisamos ver
cada fôlego do girassol.
O instante tem sua eternidade
morando em sua singularidade.
Veja! É eterno este momento,
pois tudo está em movimento;
É a infinitude do que é finito.
O instante tem sua eternidade
morando em sua singularidade.