A Pedra que Afunda…
John Everett Millais – Ofélia (1851 – 1852).
Sombras dançam nas minhas
sobras,
como labaredas secretas
de uma fogueira mística.
Eu sou a pedra que afunda
no ventre do lago negro,
onde a névoa sussurra
segredos sem tempo.
Eu sou a pedra que afunda,
e esquece o que é a luz,
se perde no espaço,
esquece o som.
Eu sou a pedra que afunda,
e abraçada pelo silêncio,
é beijada pelo escuro,
remida no fundo.
Eu sou a pedra que afunda,
e percebe que ali está
segura deste mundo,
de tudo que é sujo.
Eu sou a pedra que afunda,
e a água que me abraça,
leva tudo e me lava,
é a terna graça!