A raíz amarga do socialismo
Durante este mês de novembro falei bastante sobre socialismo, senti necessidade de esclarecer alguns pontos sobre o tema que tem sido abordado de maneira constante porém superficial por alguns pontas de lança do governo federal, como Paulo Guedes e o próprio Presidente Jair Bolsonaro.
Em certas ocasiões eu falei algo como “quem mais gosta de dinheiro é comunista”, frase sempre seguida de muitas risadas obviamente pelo paradoxo natural que identificamos entre comunismo gostar do fruto do capitalismo mas, enfim, hoje eu quero esclarecer a origem histórica dessa expressão que tenho usado.
O pensamento socialista, desde o início de sua aplicação na prática política, tentou modelar a sociedade. A própria natureza do socialismo vem do construtivismo kantiano que imagina que, se chegamos até aqui agindo desordenadamente, quão melhor poderemos seguir se passarmos a nos ordenar? Essa conclusão que dá origem ao método construtivista parte de princípios errados, e por isso mesmo, sempre que o construtivismo social foi aplicado, findou em pessoas recolhendo lixo para dar de comer aos filhos.
Ignorar leis naturais é sempre um péssimo jeito de começar um plano, e no socialismo nós temos o desprezo pela maior lei de toda a experiência humana sobre a terra, expresso nas palavras do Rei Salomão: “o temos ao Senhor é o princípio da sabedoria” – Provérbios 1:7.
O reconhecimento de que não somos nós, homens, a determinar o rumo das coisas é um princípio do qual o socialismo não consegue partilhar. É vital ao método construtivista acreditar que somos nós os organizadores, somos nós não apenas os que compreendem a evolução como também os que podem modelar o desenvolvimento. O que desabona essa crença no mundo empírico é o resultado da modelagem, que até o momento foi aplicada na União Soviética, Iugoslávia, Vietnã, Venezuela, Nicarágua…
Em um determinado momento os intelectuais socialistas passaram a traçar planos estratégicos para a tomada do poder e, assim, colocar as mãos em sociedades inteiras para, a partir de então, executarem seus planos de formação do mundo perfeito: um mundo sem miséria.
Acontece que sempre que o plano socialista é aplicado, ao invés do resultado ser uma sociedade sem miséria, uma grande massa da sociedade finda revirando lixeiras (vide Venezuela, para ficarmos em um exemplo ainda em andamento).
Após uma inquestionável sequência de fracassos experimentais, os construtivistas do social ao invés de perceberem que erraram no princípio de Salomão foram tomados pelo ressentimento. Caíram no que João Camilo de Oliveira Torres alertaria:
“O ressentido nega o valor daquilo que não pode atingir. O ressentido passa a considerar mau o bom, pequeno o grande, feio o belo, simplesmente por estar fora do alcance de seu poder. É um caso de desvalorização de valores.”
Passaram então, os socialistas, a acreditar que suas modelagens fracassavam por culpa dos capitalistas. Os detentores do capital estavam comprando o fracasso dos detentores do social. Assim, os fiéis de Immanuel Kant erigiram um novo princípio para sua nova linha de atuação, todo o discurso socialista passava então, no meio do século XX, a girar em torno do “morte ao lucro”.
Para não deixar falhar a análise de João Camilo, o ressentimento socialista desde então tem levado todos os planos proto-comunistas ao fracasso pois, tudo o que cada pessoa nesta miserável vida quer é ser feliz; e ser feliz é ter qualidade de vida, conquista com a qual só é agraciado aquele que trabalha. E quem tem qualidade de vida comendo lixo? Não à toa temos hoje a figura do socialista de iPhone, o jovem que critica o lucro da Apple mas paga os R$ 5 mil exigidos pelo Jobs malvadão.
A inveja impede que o socialista entenda que o capitalista não modela a sociedade, ele apenas produz. E o que ele produz ajuda na conquista da qualidade de vida. Todos querem ar-condicionado, aparelho celular, carro eficiente e internet rápida. E para conquistas essas maravilhas é preciso trabalhar e ganhar dinheiro. É preciso comprar. Se aplicam todos então a seguir a cristã ordem dada por Paulo em sua segunda carta aos Tessalonicenses: “quem não trabalha, que não coma”.
Comamos, e comamos bem, afinal, há muito trabalho a fazer.