A Redenção
Neste segundo texto a respeito da mensagem do Evangelho, vamos falar da Redenção de Cristo – ou Sacrifício Vicário. Este é o aspecto central, não por ser o mais importante, mas sim por ser o “clímax” da narrativa Bíblica. Toda a Escritura Sagrada foi promulgada por Deus tendo em mente este momento como o ápice de tudo!
“mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”
É exatamente isso que observamos aqui no texto do Apóstolo Pedro, na sua primeira carta no capítulo um, versículos dezenove e vinte. Analisemos brevemente as suas palavras.
O primeiro ponto a ser destacado aqui é a valorização – engrandecimento – que Pedro faz do sangue de Cristo “Precioso”. Isso nos indica que o líquido vermelho corrente nas veias de Nosso Senhor, tinha um certo aspecto “gongórico”. Logo depois, o Apóstolo nos aprofunda no entendimento da razão deste sangue ser valioso.
“Como de cordeiro sem defeito e sem mácula”. Aqui temos uma clara explicação de Pedro, nos ensinando que: assim como na Antiga Aliança era necessário que o cordeiro mais puro e mais belo, fosse morto por razão propiciatória em nosso lugar, agora o Cristo se tornou esse cordeiro – o mais Perfeito de todos – restaurando por completo a nossa relação com Deus. Pois antes nós tínhamos que matar todo ano um cordeiro, todavia com Jesus a Ira Santa de Deus foi plenamente Saciada!
“Conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo,”. Aqui o Apóstolo nos diz que o Menino que nasceu de uma virgem para morrer pelos Pecados do seu Povo, já era conhecido assim antes da fundação do mundo. Monstrando assim, que este era o propósito – a missão – de Jesus Cristo antes do Universo ser criado. Neste trecho podemos ver nitidamente a Sabedoria, a Soberania e a Onisciência de Deus operando. Mostrando que nada escapa do seu controle!
“porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”. E o Apóstolo finaliza dizendo que apesar de Ele ter sido imolado antes da Criação de Todas as coisas, nós só poderíamos contemplar este Sacrifício Vicário quando o mesmo já tivesse sido executado. E podemos entender aqui também o Fim dos tempos como a volta de Cristo. Neste sentido o texto nos diz que só teremos a verdadeira consciência – noção – da Amplitude e Poder da Morte e Ressureição de Nosso Senhor quando estivermos nos banqueteando com Ele!
E um ponto que com certeza deve ser destacado aqui é o fato disso ter sido feito por Amor à nós, não como uma obrigação, como veremos doravante.
Destrinchado então brevemente este texto do Apóstolo Pedro, conseguimos ter agora em nossas mentes mais claro o fato de que Cristo já havia se entregado por nós antes da Criação de Todas as coisas. Esta compreensão é fundamental para que posamos enxergar a mão Soberana e Amorosa de Deus sobre os Homens.
E aqui, gostaria de lançar mão mais uma vez de artifícios – obras – literários, pois creio eu que sejam de suma importância para criação de um imaginário saudável, e até para o entendimento correto do que está sendo dito aqui.
Temos na literatura várias e várias histórias de sacrifício por amor, seja por uma mulher, um homem, uma ideia, um país, uma religião etc. E delas podemos retirar várias lições interessantes.
Um cavalheiro, corajoso, destemido, forte, de linhagem nobre, belo, montado em um cavalo branco, esplendoroso. Cavalga rumo ao perigo máximo conhecido pelo Homem: um dragão, tudo isso para salvar sua donzela amada.
Existem diversas histórias assim na literatura, a mais famosa talvez seja de Sigurd (herói da mitologia nórdica/germânica) que mata o dragão Fafnir para poder se casar com a valquíria Brunilda. É um conto bem famoso para quem gosta de literatura nórdica.
Nesse tipo de enredo podemos observar várias semelhanças com o Evangelho, contudo devemos dar as devidas proporções, porém se tivermos o intuito de enriquecer o imaginário e ajudar o leitor a formar imagens em sua mente, para que possa abstrair – inteligir – o conteúdo aqui exposto, é altamente recomendado!
Primeiro precisamos definir quem é quem aqui nesta comparação. Cristo é o cavalheiro que vem nos salvar do dragão mal e poderoso, que por sua vez é o Pecado, e nós somos a donzela (ou noiva, como a própria Bíblia nos chama) em perigo, que nada pode fazer para se salvar da prisão em que está.
Inclusive, quando olhamos deste prisma, vemos o dano que filmes e séries como Enola Holmes ou a nova cinderela (2021) podem fazer em nossa cultura. Quando colocamos a princesa em perigo com poderes suficientes para se salvar, de quê serve o príncipe?
Mas continuemos com o nosso assunto, talvez voltemos neste ponto em um artigo ulterior.
Ampliado então nosso imaginário, podemos agora fazer a ligação com o artigo passado. Nele falamos de maneira bastante plástica – material – acerca do Pecado e seus danos. Agora pensemos: quanto maior o dano, maior o custo de reparo. Se aquele é o dano do Pecado, qual o seu custo?
A resposta é: o sangue de um Inocente, sem Culpa, sem Erros… sem Pecados!
Cristo, Aquele que Criou Todas as coisas junto com o Pai e o Espírito Santo. Aquele que morava em lugar Perfeito – Ditoso, sem Dor, sem Tristeza, sem Sofrimento. Que vivia na presença do Ser mais Ser do Universo. Desceu a terra, para passar fome, sede, sono, dor, tristeza, sofrimento, para ser traído por um de seus discípulos e por todos aqueles que Ele curou, ensinou e ajudou!
Esse é o custo do nosso Pecado!
Essa mensagem de Amor verdadeiro, de Sacrifício e Salvação – Redenção – tem que nos impactar de tal forma que mude nossa Vida completamente. E aqui digo “Vida” no sentido mais significativo da palavra. Tem que mudar como Sentimos, Pensamos, Achamos, Fazemos, Ensinamos, Comemos, nos Relacionamos enfim… Tudo!
Fomos libertos e salvos da Condenação – Danação – Eterna! Por um Ser que não tinha qualquer obrigação de fazer isso, pelo contrário, é o maior Ofendido de nossos Crimes. Entretanto Ele agiu em Amor e morreu por nós, pagou o custo do estrago de nosso Pecado.
Percebam que na história de amor – paixão – citada mais acima, a princesa tem uma resposta de gratidão por aquele que a salvou da prisão (da tristeza, da dor, do sofrimento) ela passa a ama-lo, pois essa é a única resposta justa e sensata que se poderia ter frente à esta situação. Amar, da mesma forma, quem te libertou a ponto de entregar a própria vida.
Então caros leitores, se a personagem de uma história pagã, vinda de um povo completamente imoral tem essa noção de gratidão e reciprocidade, nós já deveríamos ter compreendido esta Verdade há muito tempo.
Pensemos em todo o Sacrifício de Cristo por nós, que vai muito além de uma dor física. Ele recebeu o Cálice da Ira de Deus. Nós nunca teremos noção de um por cento da Dor que Nosso Salvador sentiu ao beber todo o conteúdo deste Cálice.
Sendo assim, precisamos começar a viver em gratidão nivelada à este Sacrifício Vicário. O que significa se entregar completamente como sacrifício vivo também (Rm 12:1). Somente assim estaremos sendo justos e minimamente honestos com Aquele que nos salvou.
Até a próxima e fiquem com Deus.