Argentina, um país no limbo

“A Sociedade não encontra já prontas nas consciências as bases em que repousa, ela própria as constrói.” – Émile Durkheim

Ocorreu ontem (11), na Argentina, a eleição PASO (Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias). É o momento no qual o povo daquele país vai às urnas para definir os partidos e candidatos habilitados a participar das eleições gerais. Deu Cristina Kirchner, que forma chapa com Alberto Fernández.

Fica indicado que a reeleição de Macri, tão desejada pelo governo brasileiro não é tão desejada assim pelo povo argentino. A chapa da ex-presidente Kirchner ficou com 47% dos votos contra os 32% de Macri. As eleições acontecerão em 27 de outubro deste ano e, se a diferença entre os candidatos continuar como está, dará Kirchner no 1º turno.

Após os escândalos sucessivos das gestões de Cristina Kirchner (2007-15), a hermana estocadora de vento, o povo argentino vislumbrou o inferno e optou por uma salvação. Porém não miraram o céu mas o limbo. A reeleição de Macri é a chance de nosso vizinho sair do estado intermediário atual e partir para um novo patamar. Tempo ainda tem, resta saber se há vontade por parte do eleitor.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou meses atrás que desejaria muito ver Maurício Macri reeleito e, assim, ter um parceiro na América Latina para ir mais longe, tirando o continente do atraso terceiro-mundista e buscar, junto aos Estados Unidos e à União Européia, um lugar ao sol do hemisfério norte. Mas o povo argentino não quer, parece. Teremos de ir só?

É preciso dizer que, tal qual a eleição presidencial brasileira (tanto de 2014 quanto de 2018), a eleição argentina já começou marcada por “erros” da Smartmatic. Se em 2014 o eleitor brasileiro teve de esperar mais de duas horas, até que Dias Toffoli anunciasse o resultado oficial da eleição, ontem o povo argentino assistiu ansiosamente mais de uma hora de atraso na computação dos votos. Viva a tecnologia venezuelana.

Esse erro de apuração se une ao erro de concepção do eleitor. Hoje alguém me perguntou “não tem um candidato de direita na Argentina?”, respondi “candidato tem, não tem é eleitor”. E é isso mesmo, puramente isso. Durkheim entendeu que quem constrói as bases da sociedade não é o governo mas sim a sociedade, e pelo que parece a sociedade argentina, durante os últimos quatro anos de governo de centro-direita, não trabalhou para construir uma consciência de direita. A Argentina foi um país de esquerda governado por um presidente de centro-direita. Eis o resultado estampado na tela da urna eletrônica.

Fica pra nós a lição. Temos quatro anos para construir as bases da consciência brasileira, só com muito trabalho chegaremos a 2022 sendo um povo de direita, governados por um presidente de direita e prontos para reeleger a direita.

Desejo toda sorte do mundo ao povo argentino, e minha torcida não é para o dia 27 de outubro mas sim para o hoje, dia 12 de agosto. Que hoje seja o dia do início de uma corrida por parte dos conservadores argentinos, e que nos próximos dois meses eles consigam fazer tudo o que não fizeram em quatro anos junto ao eleitorado de seu país.

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