No Ônibus…

Honoré Daumier – Carruagem de Terceira Classe (1863-1865). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Belo Horizonte, 29 de fevereiro de 2024.
Um ônibus ligeiramente cheio, exalando
aquele cheiro de cachorro molhado,
por causa da chuva que chorava sozinha…
(entra a protagonista do brumado teatro)

De repente, tudo que era cinza e sem vida,
logrou dos raios de seus cachos dourados
uma cor nunca antes vista. E teus olhos dados
ao mundo por graça divina, pintaram o cenário…
(entra em cena vários véus de sedas coloridas)

Pois, até os vidros das janelas, sujos de gordura,
ganharam um propósito belo. Visto que a luz perpassa
no tom perfeito para destacar essa tua pele pura.
Até o azul sem brilho dos bancos ganhou fulgor…
(A cortina fecha e abre, indicando o tempo que passa)

Belo Horizonte, 18 de maio de 2024.
Hoje, finalmente, vejo todo o quadro…
Não era em si, o brilho da deusa
que trazia luz, mas a Luz era causa
da existência dela!

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