Nós Somos a Juventude da Nação!
Egon Schiele – Death and the Maiden (1915).
Helena
Na pele, néctar e brasa, perfume e navalha,
a noite ruge em seu corpo sem falha.
Epicuro sussurra entre goles e lábios,
na dança de faunos, os céus são atalhos.
Cigarros, risadas, batom na ferida,
sorri no espelho, se pinta de vida.
Mas no fim da festa, entre restos e cinzas,
o espelho reflete apenas sombras líquidas.
Bernardo
Chão de concreto, passos vazios,
o eco arrasta seus olhos sombrios.
Nietzsche no peito, veneno na mente,
a noite o chama, a queda é urgente.
Entre postes quebrados e a lua esquecida,
o tempo o morde com dentes de lida.
Um salto, um suspiro, um grito sem som,
no asfalto se apaga a última visão.
Arthur
Pés nus sobre brasas mastigam o vento,
engolem o fel, digerem o tempo.
Sísifo sobe, arrasta a sina,
cada gota de suor: ouro e ruína.
Olhos de pedra, boca de aço,
cicatrizes falam — o mundo é um laço.
A febre é dolorida, mas não destruidora,
na guerra das emoções, se faz redentora.
E a mesma noite que os fracos destrói,
ele usa para fazer-se seu próprio herói.
Pedro
A carne grita, em soberba não se cala,
mas o espírito em Fogo não se abala.
A luz é espinho que fura os desejos,
a dor é martelo forjando os eleitos.
O vinho é sangue, os pregos são ouro,
a cruz é fardo e também é tesouro.
A sombra o chama para o festim,
mas a luz o fende, o parte em clarim.
O sangue verte, a alma se eleva,
a cruz pesa mais do que a terra que a leva.
Seu peito dilacerado pelo pecado,
mas na penitência acha-se consolado.
Pois é no sofrer que se purga o ser…
E, é na dor que o canto do santo irá ascender!