O cientificismo alcançou níveis que, sob a ótica da humanidade desde que ocupou a face da terra, são inimagináveis. A sociedade moderna chegou ao estágio de não acreditar sequer no que está diante de seus próprios olhos, exigindo sempre que um grupo de burocratas cientificistas analisem previamente e, após um exame clínico confirmem se aquela realidade existe mesmo.

Essa loucura de hoje ser chamado de inteligência o que durante toda a história da humanidade foi chamado burrice, me faz retornar à fenomenologia do espírito de Hegel, onde o filósofo alemão escreve, sem pressa ou economia de argumentos, que a essência de uma Coisa (o ser-em-si, na linguagem do autor) não é a parte de maior valor para nossa espécie; antes a forma o é, uma vez que é nela que o sapiens entende a Coisa, a define e comunica.

O credo cientificista convenceu a humanidade a dispensar a forma, uma vez que a essência é “a Verdade” e esta é uma realidade unitária perdida em meio a uma infinidade de teorias.

Com essa teoria (!) o movimento cientificista chegou onde nenhum engenheiro social jamais sonhou. Sequer a serpente, em plano de engenharia social baseado numa comunidade de deuses (porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes… vós sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal) conseguiu destruir a coroa da criação fazendo com que o homem abdicasse daquilo que o distingue de todo o restante do mundo natural, a saber, o poder criativo.

A sociedade em que vivemos é um grupo que abdicou do pensar, desmotivado pela ideia de que procurar conhecer é uma perda de tempo, uma vez que a busca pelo conhecimento é matematicamente improdutiva pois a verdade é uma só e já temos nós um grupo de especialistas, pessoas super-inteligentes e capazes para encontrar a Verdade. Enquanto eles lidam com a parte chata da existência humana – a busca pela ciência –, nós podemos “curtir a vida”. Quando o grupo de notáveis encontrar a Verdade com relação a cada questão existencial, essa verdade será publicada em um artigo científico de uma grande revista no meio acadêmico; que será traduzida em linguagem popular em alguma revista de curiosidades científicas para o público juvenil; e comunicada a nós pelos âncoras de telejornal.

Veja, nada menos do que a transformação do único ser criativo do mundo natural em mais uma mera criatura. A transformação do homem em um pato, um mosquito, uma zebra.

O que Lúcifer não conseguiu utilizando a serpente, conseguiu por meio de meia-dúzia de cientistas.

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