Projeção e autoconhecimento
O ser humano tem por característica natural, ao se deparar com a tarefa de analisar o que lhe é apresentado, fazê-lo por comparação ao universo que (já) lhe é conhecido. Assim, a capacidade descritiva daquilo que é novo vai além (ou aquém?) da avaliação das características relacionadas à geometria, cor, sabor, tamanho, natureza… e passa a ser baseada em “parece com aquele…”, “tem a cor daquela…”, “o gosto é semelhante àquele…”.
Essa característica, natural de todos nós, faz com que o sujeito que analisa, revele aos outros o seu próprio universo conhecido.
Temos aqui então um método de descobrimento do universo do outro – mas que não é meu objetivo neste momento. Antes de olhar para o outro convém olhar para si mesmo cf. palavras do próprio Mestre “[…]hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho.” – Mt 7:5
Qual o nosso universo conhecido? Se me coloco a uma avaliação de algo novo, qual caminho percorro?
Utilizando uma forma de avaliação semelhante a um teste projetivo (como o utilizado no Teste de Rorschach), podemos entender a grandeza de nossa própria ilha do conhecimento diante do mar do desconhecido.
Quando leio um texto, consigo analisá-lo ou sou obrigado a compará-lo? E se o comparo, comparo a o quê?
Se, diante de um desafio de lógica, a única comparação que me vem à mente é a do conjunto de laranjas da aula de matemática da quinta série, posso entender que meu conhecimento em matemática é o mesmo de uma criança de 10 anos. Se, ao provar um prato mediterrâneo, minha análise gastronômica é limitada ao sabor da sardinha em lata, tenho que concordar que meu universo gastronômico não é lá muito rico (a não ser em cálcio e vitamina B12).
Proponho aqui que você possa aumentar sua capacidade autoavaliativa. Dessa forma, você pode se conhecer melhor e saber onde estão suas próprias limitações de conhecimento.
Adiante, um próximo passo é o refinamento da capacidade descritiva. Quando o conhecimento universal se expande, a capacidade descritiva é enriquecida do conhecimento geométrico, gastronômico, artístico até. É a busca do conhecimento exibindo seus resultados naturais.