Som, ser e tempo… Chuva, você e eu.
Gustave Caillebotte – The Yerres, Rain, 1875
Som, ser e tempo.
Todos permeiam perpetua e postumamente
a pressa que presenteia, como grego, a perfeição.
Som, ser e tempo.
Sombra do eterno que nos assombra sordidamente,
sovino em socorrer o soldado soterrado nas sobras.
Mas eu e você, com nosso silêncio, nossa união visceral, e com essa perenidade
tão esplêndida… Enfeitiçamos domingos!
O Céu, a Vida, o Inferno e até o Amor…
Por do sol? Somos Tornado! Efeitamos, comigo.
Colidiram-nos! O que é você? O que sou eu?
Querer! Queremos o que o outro quer!
Querer? É só outra palavra pra molhar. Molhe-me! Como a chuva molha a terra…
como o couro do gado encharca a ferra…
Ah… A chuva que nos incendeia a alma.
Existe algo de anímico nos dias de chuva…
ver algo sair do Céu, para abençoar a terra,
a Reminiscência se apodera de nós.
Deja vu! Passado, presente e futuro se misturam…
Ah… Venha salgar-me, chuva! Gelar-me…
Podes fazer correr a lágrima presa
por algemas pequenas e redondas?
Podes fazer correr o morto que grita
pela Morte que o abandonou putrefato?
Som, ser e tempo.
Eu e você.
Chuva!
São personagens que tramam
nessa dança, macabra.
Esperando a deixa da sua fala, onde tudo acaba…