Superestimaram a Democracia
Em décadas de domínio ideológico de nossas escolas, o brasileiro acabou por absorver alguns conceitos não de acordo com o dicionário, mas de acordo com o que o corpo docente paulo-freirista ensinou. Essa distorção educacional, onde a fonte da autoridade deixa de ser o conhecimento humano acumulado (livro) para ser o conhecimento humano radicado em uma única pessoa toda-poderosa (professor), criou uma sociedade onde os vocábulos foram liquefeitos. Vejamos o exemplo do vocábulo ‘democracia’.
democracia
s.f [ política (ciência política • ideologia) ]
1. governo em que o povo exerce a soberania.
2. sistema político em que os cidadãos elegem
os seus dirigentes por meio de eleições periódicas.
Primeiramente o dicionário nos mostra que o significado de democracia é, em ciência política, o regime de governo onde a soberania, ou seja, o poder supremo, é exercido pelo povo. Em seguida, para complementar esse significado (que todos sabemos ser um tanto utópico), temos a explicação de que esse sistema político não precisa ser exercido constantemente por decisões populares, pode ser justamente aplicado a países onde a população tem acesso a eleições diretas justas e periódicas.
Com essa explicação, o Brasil consegue ser compreendido facilmente como uma Democracia, afinal temos eleições e, apesar de todas as críticas possíveis ao sistema eletrônico utilizado pelo TSE, o eleitor consegue fazer valer a sua vontade.
Porém, em um país onde a fonte de informação não é o conhecimento humano adquirido através das eras, os alunos passaram a aprender a ver o horizonte não sobre os ombros de gigantes, mas sim pelos olhos de sindicalistas que se vêem como os donos da informação. Esses sindicalistas, que se tornaram burocratas concursados e são, hoje, donos da educação brasileira, venderam para nossa sociedade a ideia de que democracia é a vontade das minorias.
Assim, democracia é quando uma mulher pode cometer aborto. Quando um transexual pode se fantasiar de Nossa Senhora Aparecida e fazer um protesto na Parada do Orgulho Gay. Democracia é o direito de um sem-teto invadir um prédio público e passar a morar em uma sala que o Estado não está usando.
E democracia passou a ser o meu direito de dizer o que o Governante deve fazer. E ele tem que fazer(!).
O Art. 39 da Lei 1.440 diz “Mediante aprovação prévia do Senado Federal, os Chefes de Missão Diplomática Permanente e de Missão ou Delegação Permanente junto a organismo internacional serão nomeados pelo Presidente da República com o título de Embaixador.”
Mas… e daí?
O Brasil é uma democracia, e como tal, quem diz o que vale e o que não vale não é a letra fria da lei mas sim o povo! Então, assim sendo, Bolsonaro não pode nomear quem ele quiser, nem que o Senado Federal aprove (aliás, fora Senado!). Eis o pensamento dos alunos do Sinpro.
O presidente foi eleito com uma plataforma de governo conservadora, assim, avaliando as políticas públicas de fomento da indústria audiovisual, decidiu que não é de bom grado incentivar a produção de obras que vão de encontro à moral do pagador de impostos. Criticou o uso de dinheiro público para a produção de um filme biográfico de uma prostituta. Sindicalistas em pânico.
Como pode o Brasil ser uma democracia – indaga a minoria – se o presidente é quem toma as decisões?
Pois é, ao invés de consultar o Aurélio (ou o Houaiss, para os mais novos) foram consultar o sindicalista com camiseta do Paulo Freire, agora aguenta!
Tivessem consultado ao menos a Constituição Federal da República Federativa do Brasil, teriam aprendido que o poder EMANA do povo e, segundo o pai dos burros, emanar é
verbo transitivo indireto
vir de, ter origem em.
Ou seja, o poder não é EXERCIDO PELO povo mas sim EMANADO DO povo. Você foi às urnas e o poder que estava em você emanou para outra pessoa, e tudo por livre e espontânea vontade. Elegeram um presidente, agora é a vez dele exercer o poder. Tão simples quanto isso.
E viva a Democracia!